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voltarReforma Tributária: cerca de 6 milhões de empresas têm apenas este ano para se adaptar às novas regras
A regulamentação da reforma exige que as empresas se prepararem operacionalmente para a nova dinâmica tributária
Com o primeiro projeto de regulamentação da Reforma Tributária sancionado, foi iniciada uma grande disrupção do sistema tributário nacional. Uma série de mudanças serão implementadas a partir de janeiro de 2026 e se estenderão até 2033. Tributos como PIS, Cofins, ICMS, IPI e ISS serão substituídos por dois novos impostos, o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), além do Imposto Seletivo (IS), sobre produtos prejudiciais à saúde e ao meio ambiente.
O tempo para essa adaptação parece ser longo, mas cerca de 6 milhões de empresas têm apenas o ano de 2025 para adaptar suas culturas, seus processos e a gestão de seus documentos fiscais às novas regras. O alerta é de Lucas Ribeiro, advogado tributarista, CEO da ROIT e um dos coordenadores do Curso de Implementação da Reforma Tributária da Trevisan Escola de Negócios.
Além de sistemas e processos, também será preciso preparar as pessoas que vão vender aos clientes, que vão negociar com os fornecedores e estarão à frente da tecnologia envolvida, customizando os sistemas para integrá-los às novas modalidades da reforma.
De acordo com Ribeiro, o novo sistema tributário exige uma visão transversal das diferentes áreas do negócio para agregar maior valor e contribuir para que as empresas alcancem melhores resultados. Portanto, é necessário um planejamento estratégico desde já. “No período de transição vão ocorrer mudanças, ainda há um longo período, mas o que sabemos até aqui é mais do que suficiente para implementar a reforma tributária”, frisou.
Algumas questões internas devem ser observadas pelas empresas, conforme o especialista. Entre elas, a automatização dos processos empresariais, uma vez que a reforma é extremamente tecnológica, com tudo baseado em APIs, sigla para Application Programming Interfaces. Outra questão é o ajuste dos preços líquidos dos tributos na cadeia de valor, uma vez que há muitos casos de precificações incorretas.
Estruturar uma estratégia ESG com fornecedores e clientes, entender o compliance tributário dos mesmos, para garantir o creditamento, é fundamental. Ribeiro ainda aconselha negociações antecipadas com os fornecedores, pois produtos ficarão mais caros, cabendo uma avaliação de formação de estoque ou compra antecipada, por exemplo. Por outro lado, produtos ficarão mais baratos, permitindo postergar compras para negociações melhores.
Algo que praticamente todas as empresas terão a necessidade de fazer é o aumento de caixa. O tributarista explica que, como o Fisco sempre receberá antes – seja o CBS, no caso da Receita Federal, ou o IBS, no caso dos Estados e municípios –, as empresas terão necessidade de capital de giro para fazerem o pagamento.
Deve ser estratégico para as empresas avaliarem todos os pontos de dificuldades: ineficiências operacionais, falta de pessoas capacitadas para viabilizar a transição, insuficiência de orçamento para investimentos em tecnologias, novos processos e pessoas e o peso da cadeia de valor em relação a fornecedores e clientes MEI/Simples Nacional, para o creditamento.
De acordo como Lucas Ribeiro, muitas empresas serão vencedoras em decorrência da reforma tributária, pois saberão aproveitar as oportunidades. Outras, no entanto, poderão sair perdendo, por não dominarem os números, não entenderam e não se prepararem para a nova estrutura tributária.